quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Homilia da Solenidade de Jesus Cristo, Rei do universo

Alecio Souza Vieira


Caríssimos filhos da Igreja de Nosso senhor Jesus Cristo, hoje celebramos a solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo. Cristo é Rei, nós somos os seus súditos. O seu Reino não é deste mundo (Cf. Jo 18, 36) e o seu trono não é de ouro brocado com pedras preciosas, mas de madeira: é a cruz. O seu manto é vermelho, mas não é de tecido nobre, é o seu Preciosíssimo Sangue vertido no madeiro que cobria o seu Santíssimo Corpo.
Guardemos bem esta imagem do Rei crucificado...

1º Ponto: “O Rei-Juiz-Pastor”
O Santo Evangelho desta solenidade nos apresenta Cristo como Rei, soberano, que vem sobre as nuvens com seu exército celeste (Cf. Mt 25, 31). Este Rei vem como juiz, para julgar a terra inteira, todos os povos. Todavia, encontramos outro aspecto deste Rei: além de ser Juiz, é também Pastor, conhece bem o seu rebanho e tem a autoridade e o conhecimento para separar as ovelhas dos cabritos (25, 33). Quando falamos de juiz já nos vem em nossa mente a “condenação”, esquecemos que sua função é zelar pela verdadeira justiça. Cristo é Rei justo, e conhece bem a cada um de seus súditos e sabe muito bem qual a sentença final aplicar. Ele é Rei-pastor, mas se faz Rei-cordeiro, sim meus irmãos, Cristo sendo Juiz e Pastor se faz réu e cordeiro. É no alto da Cruz que contemplamos o Amor deste Rei, a misericórdia deste mesmo Juiz e a humilhação deste mesmo Pastor.
O nosso Rei é apresentado morto, não para humilhá-lo, mas para mostrar-nos que se quisermos entrar no Reino eterno é preciso morrer, não apenas fisicamente, todavia durante esta vida é necessário deixar morrer em nós as nossas paixões, a nossa vontade para que o Amor real de Cristo habite em nós.
Percebemos até aqui que nos deparamos com a “loucura” deste Reino que está repleto de contradições: “Quem quiser viver deve morrer (Cf. Mt 10); quem quiser ser o primeiro que seja o último (Cf. Mc 9); o Rei é pobre; é assassinado, mas vive e por sua morte gera a vida; o Pastor se faz cordeiro e é imolado...” dentre outros aspectos que compõe este Império do Amor, por isso é contraditório pois o Amor neste mundo é contradição.

2º Ponto: “O Reino dos Céus”
O Reino dos céus é o ápice da pregação de Cristo. O Reino está tão implicitamente ligado a Cristo que se pode dizer, como Orígenes, que Ele é autobasileia, é Ele mesmo o próprio Reino. É pessoa: O Reino é Ele, Cristo é Rei!
Neste mundo nos deparamos com o sofrimento, que deve ser compreendido pelo cristão como a cruz a ser carregada por amor a Cristo e como chave da porta do Reino. Esta cruz nos leva ao Reino da vida eterna que está nos céus, é pela cruz que se chega a vida.
E como Já dizia Santo Ambrósio “Vida é, de fato, estar com Cristo; aí onde está Cristo, aí está a Vida, aí está o Reino". É em Cristo que está a Vida, é em Cristo que está o Reino. Ele é Rei, mas seu reinado não é social, muito menos territorial, mas Eterno e ilimitado. Busquemos pois o Reino bendito dos céus!

3º Ponto: “A caridade como portal do Reino”
Todos os reinos que conhecemos tem um território limitado, e um exército que não permite que qualquer um tenha acesso a ele. Imaginemos pois, aqui uma porta de entrada, imensa, mas muito estreita. Este é o portal para a entrada do Reino de Cristo, é a caridade, que por sua vez é imensa e ilimitada, mas que também é muito difícil de se vivê-la.
O Evangelho que acabamos de ouvir nos mostra dois caminhos: o da caridade para com os pequeninos e o do desprezo para com eles. Aqueles que trilham o caminho da caridade no bom trato aos necessitados (famintos, sedentos, nus, presos...) entrarão no Reino dos céus, pois quando se age com caridade a estes, é a Cristo que serve, Ele agora se coloca como pequeno. Outra virtude que destacamos nesta Santa Liturgia, é a humildade. Cristo é Rei, mas é humilde, é Juiz mas é humilde, é Pastor mas humilha-se sendo cordeiro, é Imenso e se faz pequenino.
Diante disto podemos nos questionar: Porque somos tão orgulhosos e vaidosos se buscamos o Reino da humildade? Isso sim que é contradição!
É somente através da caridade e da humildade, ou seja, da santidade, que se chega ao reino. “Eis o reino de Deus e a sua justiça: uma vida santa; isso é o que temos que procurar em primeiro lugar, a única coisa verdadeiramente necessária” (São Josemaria Escrivá)

Voltemos agora, meus irmãos, àquela primeira imagem, a figura do crucificado.... Cristo Senhor, Rei do universo nos dá uma “banho” de humildade e caridade. É na cruz que Ele Reina, sim meus irmãos, é no monte calvário que o Rei se faz Rei. Ele já reinava com o Pai na glória, no entanto é na cruz que o Rei coroado, não com ouro, mas com espinhos, oferece para nós a salvação e conquista o território do nosso coração e nos devolve a dignidade de filhos do Reino.
Então convido neste dia a você jovem, adulto, criança, idoso, a viver a santidade para ser morador do Reino. Busquemos juntos a santidade! Que os pais possam educar seus filhos neste caminho de caridade e santidade, e que os filhos possam ouvir seus pais para assim trilharem juntos esta via da vida.


Peçamos a Virgem Maria, Rainha dos Anjos e Santos, que nos ensine a fazer jus ao Sangue derramado e ao Corpo entregue, buscando sempre mais viver a caridade e a humildade para assim ultrapassarmos este portal usando também a chave que é a cruz cotidiana.
Meu Senhor e meu Rei, ajuda-me a ser um súdito fiel e propagador do seu Reino, não apenas com belas palavras, mas com a vida.
Cristo Rei nosso, Venha a nós o vosso Reino!!! Que o Senhor Reine em nossa vida e em nosso coração. Assim seja!